quarta-feira, 13 de julho de 2011

Alguém explica?

Caro leitor, peço que exercite seu poder de abstração e tente imaginar a cena:

Era noite fria e silenciosa em uma rua quase deserta de Mesquita. Sou um homem da noite, e são poucas as situações que me causam temor. A visão de um horizonte povoado apenas por alguns animais buscando proteger-se do relento e carros estacionados sob a luz dos postes de iluminação pública me é familiar. Confesso que aprecio o gosto do ar frio, o cheiro da névoa, a respiração que se torna concreta quando o ar quente dos pulmões enfrenta o sopro gelado da vastidão noturna.

Normalmente estou armado para todo tipo de surpresa, agradável ou não, que possa aparecer em minhas incursões pela cidade. Mas o fato é que a cena que presenciei hoje me pegou desprevenido. Ainda me sinto alerta e já contarei por quê:

Depois de caminhar alguns passos, acompanhado pela iluminação bruxuleante das TVs que atravessava as janelas das casas, deparei-me com a presença de quatro homens, altos e mal-encarados, parados em uma calçada. Todos muito vestidos, protegendo-se do vento, mantinham uma conversa de poucas palavras, praticamente inaudíveis. No meio deles, um imponente cão negro observava o meu caminhar. Aparentemente, era o único que havia percebido a minha presença. De repente, antes que eu pudesse esboçar qualquer reação, um dos homens colocou a mão no bolso, e dele sacou um aparelho de celular. No exato momento em que eu passei por eles, uma música começou a tocar.

O som de violino não me era estranho, a voz feminina que saiu dos alto-falantes do celular tampouco. Entretanto, demorei um pouco para me dar conta do que estava prestes a acontecer naquela rua. E qual não foi minha surpresa ao ouvir a mulher pronunciando palavras que qualquer testemunha daquele momento jamais esperaria ouvir:

"I know that we are young

And I know that you may love me

But I just can't be with you like this anymore...

...

...

...

...

Alejandro..."

PORRA!!!! P.Q.P!!!! Lady Gaga!!!??? É serio isso, meus amigos?! Como faz, agora?

Depois de um breve soslaio de reprovação para o grupo que estragou minha quase crônica policial, continuei tranquilamente meu caminho de casa. Ou quase isso, já que ninguém vê o que eu vi e sai andando tranquilamente.

Clique aqui pra ver o clipe original e perceber que a realidade pode ser muito mais surpreendente que as ideias mirabolantes da Lady Gaga. Ou não.