domingo, 26 de abril de 2009

Evitando a anarquia

Durante uma aula de Hitória do Brasil o professor cita o protesto ocorrido na Cinelândia pelas diretas já, é então que se segue o diáldo a aogo de duas alunas:
D.: -Eles podiam fazer esse protesto no Campo de Santana pra rememorar né?!
S.: -Ei, não ia caber tanta gente lá...
D.: -Ah, acho que ia sim...
S.: -Cara, não pode pisar na graminha, eu acho...
D.: -hã tá! [?] ...Mas não é um protesto??
S.: -Er.. é cara, depor o governo pode, mas pisar na grama já é anarquia poxa...

Obs: agradeço a Dari por trascrever o diálogo.
Obs2: Ok eu admito, a aluna 'S.' sou eu . Mas a graminha não é aliada do governo.

sexta-feira, 24 de abril de 2009

A vida em dois pólos

E todo mundo já ouviu algum dia que tudo na vida tem o lado bom e o lado ruim. Não só ouvi incontáveis vezes, como também usei de consolo para outros quando já não se sabia mais o que falar. Nesses momentos recorre-se à frases prontas e de efeito só para o silêncio constrangedor não agravar o drama da situação.

Mas isso se evidenciou para mim de uma forma que eu não gostaria. Pude compreender, tão claro como a operadora de celular, esse lado maniqueísta das coisas da vida.

A piadinha [uma das mais sem-graças que saíram do meu teclado em todo meu curto tempo de blogueiro] envolvendo o celular não foi em vão. Pois o lado bom do último acontecimento mais significativo da minha vida foi que troquei meu celular. Recebi uma mensagem, um spam da Vivo informando que havia ganhado alguns reais para trocar meu aparelho. E segundo a filosofia d'O Lerdo, "spans são reais, spans não existem no mundo das ideias". Sábias - e "forçadérrimas" - palavras que eu não esquecerei e que me fizeram comparecer a uma loja da operadora.

Eu até estava satisfeito com meu, agora antigo, celular. Tecnologia não me enche os olhos. Nem sei em qual MP estamos, visto que para mim até o 3 bastava. O arcaísmo do antigo aparelho não me deixa mentir. O recurso mais moderno que ele possui é uma agenda com capacidade de mil nomes. Sim, mil.

Resolvendo dar uma chance à modernidade, escolhi um celular já ultrapassado, pois quanto mais tecnologia um celular possui, maior será também o seu preço. E o bônus não me permitia muitas coisas. Bati o olho num Motorola. Câmera VGA. "É, ok, não é lá uma grande câmera, mas vai quebrar o galho. Dá pra fazer um ensaio sensual pocket version e mandar para o pessoal da Conspiração, assim poderão carregar minha sensualidade no bolso". Agenda... com mil nomes! "Já tô no lucro. Não tenho nada a perder". MP3. "Ê, poderei ouvir Keane em todos os lugares". Cartão de Memória de 1Gb - "Decidi!" - grátis com músicas da - "Será esse mes..." - Mallu Magalhães - "Ah, porra! Vai se fuder!".

Não tive escolha. Levei para casa um celular com músicas da pentelha. Como meus companheiros conspirados andam num momento de sabedoria, reflexão e luz, as últimas palavras d'O chato aqui no blog vieram ao meu encontro. Na verdade, eu sempre fui volúvel também, aí só bastou pensar por mim mesmo. "Vou ouvir essa praga. Quem sabe minha vontade de dar um soco em sua cara diminui? É, não seria justo apagar as músicas sem ouvi-las".

Respiro fundo. 1, 2, 3. Play. Ouço uma bateria com uma batida até agradável. Bato o pé no chão no mesmo ritmo. "You know you've got, babe". Os pés ficaram estáticos. Gelei. Ao imaginá-la cantando esses versos, não sei se o enjôo aumentava pelo que via ou ouvia. Já verde, aguentei até a metade, e avancei a faixa. E avancei novamente, sem hesitar, esperando que ânsia de vômito seguisse o sentido inverso. Terceira música. Cheguei na tal da "Tchubaruba". Por convenção mundial, esse título é terrível, mas o instrumental inicial me deixou com coragem de ouvir mais um pouco. A voz de filhote ganso gripado já era ouvida. E para minha surpresa, eu gostei da música. Cheguei ao fim em bom estado de saúde.

Próxima música. "É darei mais uma chance". O nome é "O preço da flor", a única com título em português. Quando ela entoou "Qual o preço dessa flor... que vem"... Não sei expressar o que senti, é complexo demais. O horror, o horror. O exemplo de algo que não deve ser gravado, não deve ser ouvido. Aí comecei a relembrar do seu retardamento evidenciado no programa Altas Horas e tirei o fone.

Declaro publicamente minha aversão à pentalha da Mallu Magalhães. Mas deixei "Tchubaruba" no celular caso dê vontade de ouvir...

terça-feira, 21 de abril de 2009

I just give it a try...

De uns tempos para cá, alguns de meus amigos (a.k.a Conspiração) relatam certa volatilidade das minhas opiniões, a qual eu discordo completamente, e quero, através desse post, discutir isso.

Raul Seixas, que Deus o tenha, disse uma vez “Eu prefiro ser essa metamorfose ambulante / Do que ter aquela velha opinião formada sobre tudo” muito sabiamente em uma de suas músicas. Não sou fã do Raul e muito menos me importo onde é que ele esteja agora, porém, como preciso de alguma coisa para basear meus argumentos, usarei suas palavras.

Aqueles dois versos expressão bem minha opinião quanto ao, como posso dizer, meu aperfeiçoamento de ideias – tratado por alguns como falta de personalidade. Tal falha de caráter está relacionada, a meu ver, a falta de critério ao incorporar conceitos novos ou a total edição dos já formados, o que, de fato, não acontece comigo.

Sou a favor da antropofagia modernista – aquela ideia de mastigar o que o homem produz, engolir o que se adequar a você e cuspindo o que não - pois acho muito saudável adicionar novos pontos de vistas aos meus de forma crítica. Isso me faz crescer, ou pelo menos deveria.

Então, caros amigos, parem de me perturbar quando eu passo a usar o Twitter depois de descobrir suas funcionalidades, uma vez que o achava inútil; ou quando eu passo a gostar de Guitar Hero após jogar com guitarra (o que faz uma grande diferença), apesar de ter dito a priori que não gostava; ou qualquer outra vez que mudar de ideia em relação a algo, pois não o faço sem um motivo próprio. Ao invés disso, copiem a minha mania de sempre dar uma segunda chance as coisas.

quarta-feira, 15 de abril de 2009

Era uma vez...

Era uma vez uma menina que percebeu que sua casa estava muito silenciosa, já era noite então resolveu procurar sua família. Percebeu que sua mãe e irmã estavam na rua e seu pai dormindo no quarto, quando ela estava fechando a porta, escutou a voz dele, ainda bastante sonolento, dizer:
- Que cara branca é essa garota? Passou algum creme?
- Não pai meu rosto é assim mesmo. – respondeu ela antes de fechar a porta.

sábado, 11 de abril de 2009

O Guia do Mochileiro da Baixada

"Fala aí, eu queria uma mochila com muitos³ compartimentos!"

Não, não é um post turístico. Mas depois de quase quatro horas andando nas lojas e shoppings da cosmopolita Nova Iguaçu, sinto-me em condições de opinar sobre mochilas de subgrifes e lojas que vendem tais objetos tão importantes para nossa sobrevivência.

Esta fábula começou há dois anos, quando percebi que a mochila caríssima (para os meus padrões) que eu havia comprado era de uma qualidade decepcionante. Pelo preço que paguei, eu substituiria o decepcionante por ultrajante. Não citarei a devida marca pois ainda adoro seus produtos (menos as mochilas) e acredito que este fato isolado foi apenas um momento infeliz do meu relacionamento com a loja.

Você deve, então, se perguntar por que eu fiquei dois anos com uma mochila se, já nos primeiros dias ela dava sinais de que não suportaria ser usada pelo ser mais desastrado do mundo (supondo que esse ser seja eu). É que, ao contrário dela, aguentei bravamente as trocas de zíperes, as costuras e os remendos. Mas chegou um momento em que não dava mais. Seria de crueldade sem par submetê-la a outra cirurgia para consertar o maldito bolso da frente.

Então, há duas semanas fui procurar uma mochila nessas lojinhas de rua. Aquelas você deve evitar passar em frente, caso contrário, os vendedores te puxam pra dentro e te tratam como amigos de infância, tipo:
- Coé, irmãozinho! Não quer ver essa super-bermuda estampada, não? - ele diz, mostrando uma daquelas figuras de ilusão de ótica em formato de bermuda.
Apesar de ir contra meus valores e princípios, essas lojas têm muitas mochilas de boa qualidade, e era disso que eu precisava.
O vendedor me mostrou uma muito boa, perfeita para minhas necessidades e com um preço bom. Só havia um problema: sem grana e o limite no cartão quase estourando. O jeito era esperar:
- Sabe como é, cara, eu vou dar mais uma volta e qualquer coisa eu apareço. - pra não dizer: "Sou pobre, me paga um lanche?"
- Pô, irmãozinho. Corre que essa é a última.

Engraçado que quando a gente fala que vai dar mais uma volta eles sempre mandam essa de "a última". Só que ele não estava mentindo. Quando eu voltei a mochila perfeita já não estava lá. Tudo bem que eu só voltei depois de duas semanas, mas isso não exclui a possibilidade de aquela ter sido realmente a última. O que fiz? Fui ao shopping procurar mais. Entrei numa loja conhecida, onde já havia comprado uma mochila, mas quando estava na sexta ou sétima série. A vendedora, muito simpática, me mostrou vários modelos. Todos legais, todos dentro do meu orçamento, mas nenhum igual à mochila perdida. Até que ela, meio hesitante, falou:
- Vendemos também as multimarcas, que você deve saber que são mais caras.
Foi a minha vez de hesitar:
- Tudo bem, eu queria dar uma olhada.
Eu detesto coisas de pseudogrifes, tipo Billabong, Reef etc. Primeiro porque são caras, segundo porque são espalhafatosas, terceiro, porque são caras e espalhafatosas. Mas ela me mostrou uma mochila que conseguia ser melhor que a minha favorita anterior, preta, compacta, muitos compartimentos, de uma marca pouco conhecida chamada Element. Perfeita. Preço:
- 180 reais.
Não estava em meus planos. Ela reparou:
- Mas posso ver um desconto aqui pra você.
"Legal, vai pra 170...", pensei. E ela volta:
- Te dou 30% de desconto no dinheiro!
Não consegui esconder minha surpresa. Ela reparou:
- Ainda fica meio pesado?
O desconto me seduziu, mas eu não queria demonstrar:
- É, um pouco, e eu não queria mochila de marca, chama muito a atenção, sabe? Eu vou andar com ela pra muitos lugares e talz... acho que vou dar mais uma volta aqui por aí...
- Você pode procurar, mas vai acabar voltando. - ela disse, e eu me assustei.
Só faltou dizer: "Seu destino está traçado..."

Realmente, 30% de desconto era tentador. Com isso, o preço da mochila cairia para um valor aproximado ao que eu havia pago pela mochila velha. Não era vantagem nenhuma, mas ao menos cabia no meu orçamento.
Com os 30% na cabeça, visitei dezenas de outras lojas de tchutchuca, com mochilas iguais às bermudas e os vendedores tentando me convencer:

- Poxa, essa daqui tem muitas divisórias.
"30%"

- Essa é de ótima qualidade.
"Não adianta procurar, você não vai encontrar melhor"

- Poxa, super-discreta, essa estampa hipnótica, cheia de listras, pontos, xadrez, ilustrações é preta-e-branca, dá pra usar em qualquer lugar.
"Consigo esse desconto, mas só pra hoje"

Quando eu cheguei na loja mais tchutchuca de todas, percebi que atingira o fundo do poço. Uma vendedora me recepcionou, enquanto a outra ficou na porta dançando funk. Ambas devidamente vestidas para matar, ou seja, jeans apertados, aquelas blusas tomara-que-caia que têm as formas dos seios, não sei explicar direito. Enfim, bem potranca mesmo. Elas me mostraram as mochilas e eu, cada vez mais desconfortável com o ambiente e com a música, disse que nenhuma delas atendia às minhas necessidades.

Dei o braço a torcer. A menina estava certa. Reconheci minha derrota e retornei ao campo inimigo. Desta vez quem se surpreendeu foi a legião de vendedores. Tentando disfarçar, ela disse: "Eu falei que você não encontraria melhor."
Enquanto eu entrava na loja pra pagar o produto e levar a mochila, entreouvi um trecho de uma conversa entre a gerente e um outro vendedor:
- ...jeitinho humilde...
- É, cara de morador de Austin.

Foi quando caiu a ficha:

CARA DE POBRE!

Era óbvio que eles me deram 30% de desconto porque acreditaram que eu não iria levar. Safados!!! Me trataram bem, esperando que eu comprasse uma pulseira, pelo menos, e resolveram brincar com os meus sentimentos uhauhahaauauhauha. Minha mente diabólica começou a funcionar alucinadamente, eu sentia necessidade de me divertir com aquilo.
Enquando a vendedora embrulhava a mochila, ia falando:
- Você tem que ver que nem sempre a gente pode se ligar no preço...
- É, eu sei, mas já tive várias mochilas de marca que não resistiram nada - dei o golpe certeiro.
- Você tem que ver que nem sempre a gente pode se ligar na marca...
- Nem fala, eu tenho um monte delas em casa que hoje estão completamente acabadas. Elas não prestam, a gente paga um preço alto esperando levar qualidade e só se decepciona. Por isso eu decidi que só compraria mochilas baratas.
- Mas essa é boa, você viu, né? - Percebi um tantinho de desespero, ao ver que a compra seria realmente efetuada, e o playboyzinho de Nova Iguaçu iria lhe roubar parte da comissão.
- Não, essa é perfeita.
- Ai, que ótimo - Quase chorando...

A caixa, assim como eu, ficou surpresa ao conhecer o valor do desconto:
- Trinta por cento?
- É, ele é cliente VIP.

E assim eu levo uma mochila boa, com um desconto ótimo, e ainda termino sendo chamado de cliente VIP.

Toda essa fábula pra dar uma dica de ouro aos leitores-consumidores, sobre como se portar em uma loja:

Entre com cara de pobre, saia com cara de rico.

Mesmo você não sendo nem uma coisa, muito menos outra. O que importa é que você termina o dia numa felicidade de dar gosto.